O homem perdoado por Deus, tem o dever de perdoar. Através deste estudo veremos três razões bíblicas que nos dão o motivo pelo qual devemos perdoar. I. TEMOS QUE PERDOAR PARA FICARMOS LIVRES DE ACUSAÇÃO (Mt 18:35)O velho João estava morrendo. Percebendo que o tempo se escoava, preocupou-se em acertar algumas coisas. Havia um assunto que especialmente o perturbava. Durante anos estivera de mal com o irmão Bento, costumava discutir com ele por motivos banais e ultimamente nem sequer falava mais com ele. Desejoso de acertar as coisas, mandou um recado ao Bento para que viesse vê-lo. De boa vontade o Bento consentiu. Quando chegou, João lhe disse que temia entrar na eternidade com um problema tão sério entre eles. Então, com muita relutância e grande esforço, João pediu desculpas pelas coisas que tinha dito e feito. Estendendo a mão para apertar a do Bento pediu perdão. Tudo parecia estar bem até que o Bento ia saindo. Mas mal se perdeu de vista o João gritou: "Bento, hoje o acerto é esse, mas lembre-se que se eu melhorar, essa nossa conversa não significou nada". É vergonhoso admitir que as vezes agimos como o velho João. Várias vezes perdoamos só da boca para fora, porém o que Deus requer de nós é que perdoemos com o coração.
Logo após sair da presença do rei ele encontrou um outro súdito do rei que lhe devia cem denários. Então lhe saltou ao pescoço e sufocando-o disse-lhe: "paga-me o que me deves". O outro implorava: "tenha paciência comigo e te pagarei". Então ele disse: "lancem-no na cadeia. Ele só sairá de lá quando pagar o que me deve." Mas seus companheiros observavam sua atitude injusta; sabiam que o rei acabara de perdoar-lhe uma dívida imensamente maior e agora ele tratava o pobre homem de maneira tão oposta. Então foram e contaram ao rei o que se sucedera. Este mandou chamá-lo e disse-lhe: "Tu és malvado, eu te perdoei, porque não fizeste o mesmo com o outro? Então o rei o entregou aos verdugos até que ele pagasse toda a dívida." E Jesus conclui: "Assim também meu pai celeste vos fará se do íntimo não perdoardes cada um ao seu irmão". Quem escolhe não perdoar coloca-se sob o juízo de Deus. Jesus mesmo o disse, e ele não estava brincando; pelo contrário, ele falou sério, muito sério.
II. TEMOS QUE PERDOAR MESMO QUANDO SOMOS INJURIADOS (I Pe 2:23)"O perdão é o perfume que as flores exalam quando são pisadas". Ao contrário das flores nós quando somos atingidos física ou emocionalmente, quando temos o nosso orgulho próprio ferido exalamos o mau cheiro da vingança. Estamos sempre prontos a revidar qualquer tipo de ofensa. Porém, o Espírito Santo através do Apostolo Pedro (v 21) nos exorta a seguirmos o exemplo de Jesus. Ele nunca revidou um ultraje e nem fazia ameaças; apesar de ter poder e autoridade para tal Ele nunca o fez. Quando nos dispormos a seguir o exemplo de Jesus o mesmo Espírito Santo que inspirou estes versículos nos capacitará; então conseguiremos perdoar. Não buscando vingança mas, como Cristo, entregando-nos a Deus, pois Ele julga retamente. è Rm 12:19. Já que o perdão é um padrão divino e não terreno, já que ele é um padrão celeste, então só poderemos encontrar capacitação para exercê-lo buscando em Deus. Ao invés de dar rédeas a nossa pré-disposição de revidar, devemos buscar em Deus uma pré-disposição para perdoar. O perdão é estranho à natureza humana; nós em nossa natureza debilitada pelo pecado não estamos preparados para esta lei do perdão. E algo estranho à natureza humana só pode vir de cima, de Deus. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança". Só buscando em Deus é que seremos capacitados a perdoar. Uma vez capacitados por Deus nós, quando ofendidos, ao invés de exalarmos o mau cheiro da vingança, exalaremos o doce e contagiante perfume do perdão. III. TEMOS QUE PERDOAR PORQUE TAMBÉM ERRAMOS (Mt 6:14-15)Um General disse para João Wesley: Eu jamais perdôo; respondeu-lhe João Wesley: - Espero que jamais peques. Muitas vezes ao ser feita a oração do Pai Nosso, quando chega na parte que diz: "Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós temos perdoado aos nossos devedores", é quase impossível deixar de pensar que alguém ou mesmo eu posso estar pedindo a Deus que não me perdoe. Muitas vezes repetimos estas palavras sem pensar na profundidade e seriedade que nelas existe. Qualquer pessoa que tenha uma pontinha de mágoa contra alguém, não pode ou pelo menos não deveria fazer esta oração. Esquecemo-nos que temos em nós uma forte tendência de não perdoar. Todo homem erra; por isso todo homem necessita de perdão; porém, nós nos ocupamos em olhar para os erros dos outros; achamos que o nosso pecado é insignificante em vista dos erros das outras pessoas. Estamos sempre querendo encobrir os nossos erros com o erro das outras pessoas. Quando o erro é nosso nos achamos merecedores de perdão, então corremos aos pés de Deus para obtê-lo, queremos também receber o perdão das pessoas a quem ofendemos ou prejudicamos. Mas quando é outro que erra, especialmente quando somos nós os ofendidos, queremos enforcá-lo no primeiro poste, e às vezes mesmo que a pessoa reconheça o erro e se humilhe, nos negamos a perdoá-la. Somos incoerentes, queremos receber perdão mas, perdoar... Bem, aí já é outra conversa. A linguagem de Deus para o perdão difere em muito da nossa. Jesus diz: "Se vocês perdoarem os seus ofensores, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos vossos ofensores, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas" (Mt 6:14-15). Não devemos esquecer de que estamos sujeitos a erros, e só seremos perdoados se também perdoarmos. IV. CONCLUSÃOFreqüentemente nos esquecemos que fomos alvos do perdão divino e nos negamos a perdoar. Devemos ter sempre em mente que somos devedores; a nossa dívida é tão grande que vale mais do que nós. Vejamos a comparação que a Bíblia faz: Nós devemos ao rei Sessenta Milhões de denários, enquanto o nosso próximo só nos deve Cem Denários. Notemos a grande diferença: sessenta milhões para cem. Comparado com a minha dívida a Deus o que me é devido é igual a nada. Ao deixar de perdoar ao meu próximo estou tratando-o de maneira inversa a que Deus me tratou, estou querendo encarcerá-lo. Coisa que Deus não fez comigo. Mesmo quando somos profundamente magoados devemos nos dispor a perdoar. Por vezes o que menos queremos é perdoar; é nestas horas que devemos buscar forças em Deus, só então seremos capacitados para tal. Deus não nos deixaria na Sua Palavra um mandamento impossível de cumprirmos, se Ele mandou é porque pode ser feito. Devemos lembrar que o perdão não depende do nosso querer, é um mandamento de Deus. Todos nós cometemos erros, aqui não existe uma pessoa que possa dizer que nunca errou; conseqüentemente todos necessitamos ser perdoados. Devemos seguir o exemplo do Supremo Mestre, temos que procurar pisar nas marcas deixadas por Ele, nas Suas pegadas. Jamais houve no mundo maior exemplo de perdão do que o deixado por Jesus. A sua capacidade perdoadora foi tão grande que o levou a dar a própria vida para que os seus ofensores pudessem receber perdão. Mesmo quando estava sendo morto na cruz Ele ofereceu perdão, antes mesmo que ele o fosse solicitado. Talvez entre nós hoje haja alguém que esteja guardando ressentimento de outra pessoa, talvez haja alguém que odeie outra pessoa; se você se enquadra em qualquer um destes exemplos, procure acertar hoje esta situação; você não sabe a hora em que será chamado à presença do Rei; a hora de acertar é agora, não espere que o outro tome a iniciativa, não imponha condições ao seu perdão. O perdão deve ser espontâneo, "o perdão que impõe condições não é perdão"; devemos perdoar mesmo antes de sermos procurados. Quando ofereço o meu perdão a alguém, estou deixando transparecer Cristo na minha vida.
Jabesmar A. Guimarães |